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Conheça o “Mochi”, o cão terapeuta que tem revolucionado o atendimento a crianças com autismo em Feira de Santana

Por Ed Santos / Agência Câmara

Eles são cativantes, bastante ativos e interagem facilmente com os humanos. Devido ao seu temperamento dócil e companheiro, sobretudo com as crianças, nas últimas décadas os cães da raça Golden Retriever se tornaram os favoritos entre as famílias brasileiras e de outros países. Considerados de grande inteligência, os Golden Retriever também têm facilidade de aprender truques, brincadeiras e treinos de obediência. Por isso, são muito utilizados como cães guia e de terapia.

Devido ao seu amor por cães e pensando em agregar enormes benefícios ao tratamento de pacientes diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e outros problemas de saúde mental, que a psicóloga Iasmyn Libny Oliveira, de 25 anos, decidiu se especializar na área de Cinoterapia ou Terapia Facilitada por Cães (TFC), onde o cachorro atua como uma ferramenta de estímulo e melhoria na condição emocional e social dos seus clientes. Pioneira na especialidade em Feira de Santana, desde o início de 2023, Iasmin conta com a presença de um auxiliar para lá de especial em suas consultas, o Mochi, um Golden Retriever de 1 ano e 3 meses.

Ele é apaixonado por crianças e não pode ver uma que já vai atrás de carinho. Ele usa um colete, porque além de ser uma forma de identificação do serviço, também é uma forma de ele entender que está no trabalho. Quando ele está de colete entende que está no exercício da função dele e acaba ficando também mais tranquilo, se torna muito mais submisso. Tanto a raça Golden, quanto a Labrador e a Bernesse, são as melhores para esse tipo de serviço, então foi algo realmente escolhido”, contou a terapeuta.

Segundo Iasmin Libny, que atua na maior parte do tempo com crianças autistas, os benefícios que o cachorro oferece ao processo de terapia tanto em clínicas, quanto hospitais e asilos, são grandiosos, como a troca de afeto, momentos prazerosos com o animal, estímulos mentais, físicos e emocionais, além é claro da oferta de petiscos, algo que o Mochi, com toda a certeza, adora.

Trabalho com crianças com autismo, é o meu maior público, porém não há um público restrito, consigo trabalhar com qualquer pessoa que tenha interesse nessa área e tenha um objetivo. A terapia com o cachorro promove, por exemplo, a dessensibilização, que é um dos principais fatores, já que crianças autistas têm muita sensibilidade ao toque e à troca de textura. Um ato simples, como oferecer um petisco ao cachorro, passar a mão no pelo dele, proporciona várias texturas para a criança, acaba sendo prazeroso e a criança fica estimulada”, ressaltou a profissional.

Mas, para que o Mochi se tornasse um cão terapeuta, foi preciso que houvesse um determinado período de adestramento, com treinos de obediência, a fim de desenvolver no cachorro as habilidades necessárias para o acompanhamento dos pacientes, como comportamentos calmos e uma interação saudável.

Ele começou a ser adestrado com 2 meses de vida, porém, na verdade, a escolha do cachorro começou logo quando ele nasceu na ninhada, onde foram aplicados alguns testes, que são necessários, e a partir daí ele foi selecionado, separado da ninhada por questões comportamentais e com 45 dias de vida ele veio para mim. Com 60 dias ele começou a ser adestrado. Cães de serviços têm que ser, necessariamente, submissos e sensíveis. Quando a gente fala de um cão de terapia, a gente precisa de um cão sensível, amoroso e que goste de contato. Não pode ser, de forma alguma, um cão reativo. Ele obedece aos meus comandos e também a outros comandos”, contou.

Regulamentação

Em julho de 2021, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou a proposta que regulamenta a Cinoterapia no país. Segundo os autores da proposta, a Cinoterapia ou Terapia Facilitada por Cães (TCC) já vem sendo utilizada no Brasil há mais de 60 anos como técnica experimental, mas que cada vez mais tem se profissionalizado e se difundido pelo país, devido à sua contribuição no tratamento de diversas condições psíquicas como depressão, ansiedade, transtornos, dentre outras situações.

Conforme o texto aprovado na Câmara, o Sistema Único de Saúde (SUS) deverá garantir o acesso à Cinoterapia, sempre que houver prescrição médica em conformidade com protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas publicadas pelo Ministério da Saúde. Órgãos de segurança pública poderão prestar serviços de cinoterapia. O Projeto de Lei 682/21, entretanto, segue em tramitação no Congresso e ainda aguarda a análise do texto pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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