Por Terra
Sistema utiliza imagens cerebrais combinadas com modelagem matemática para detectar marcadores genéticos associados à condição.
Pesquisadores da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, desenvolveram uma tecnologia capaz de identificar o autismo com uma precisão de 95%. O sistema utiliza imagens cerebrais combinadas com modelagem matemática para detectar marcadores genéticos associados à condição.
O método se baseia em um fenômeno chamado “variações do número de cópias”, onde segmentos do DNA são deletados ou duplicados. Essas variações genéticas estão ligadas ao autismo e podem ser identificadas com alta precisão pelo novo sistema.
“O autismo é tradicionalmente diagnosticado comportamentalmente, mas tem uma forte base genética. Uma abordagem que priorize a genética pode transformar a compreensão e o tratamento do autismo”, escreveram os pesquisadores em um artigo publicado em junho no periódico Science Advances.
Por meio de equações matemáticas, os cientistas conseguem gerar novas imagens cerebrais para análise. Posteriormente, um conjunto diferente de técnicas matemáticas analisa essas imagens, destacando variações genéticas específicas relacionadas ao autismo.
Esse mapeamento permite diferenciar variações biológicas normais na estrutura cerebral daquelas associadas às deleções ou duplicações genéticas.
As descobertas sugerem que os médicos podem um dia ver, classificar e tratar o autismo e condições neurológicas relacionadas com este método, sem ter que depender de pistas comportamentais.
Implicações para novas terapias
Os pesquisadores utilizaram dados do Projeto Simons Variation in Individuals, focado em indivíduos com variações genéticas relacionadas ao autismo. Eles acreditam que essas descobertas podem facilitar a identificação de mudanças na morfologia cerebral que apontem para regiões específicas do cérebro e, eventualmente, contribuam para o desenvolvimento de novas terapias.
Estudos anteriores já demonstraram a ligação entre o autismo e alterações cerebrais, como a macrocefalia (aumento do tamanho do cérebro), que pode intensificar os sinais da condição.
“Esperamos que as descobertas, a capacidade de identificar mudanças localizadas na morfologia cerebral ligadas a variações no número de cópias, possam apontar para regiões cerebrais e, eventualmente, mecanismos que podem ser alavancados para terapias”, disse Gustavo K. Rohde, professor de Engenharia que desenvolveu o sistema.